segunda-feira, 13 de outubro de 2008

O Novo presidente da Câmara de Vereadores e o Jogo de Luizianne

A época é fértil para "balões de ensaio" e especulações sobre a eleição da mesa diretora da próxima legislatura. O jornal O Povo já começou o périplo. Publicou matérias sobre a eleição da futura mesa diretora e soltou seus balões de ensaio. Evidentemente a eleição da mesa diretora passa pelo ocupante do Executivo. De uma maneira ou de outra. O interesse em ter um presidente “alinhado” com a Prefeitura é grande. Em 2004, desaguada no segundo turno contra grandes adversários de fora e de dentro do próprio partido, Luizianne venceu a disputa com Moroni Torgan após uma série de alianças que incluiu, inclusive, o então prefeito Juraci Magalhães.

Como presidente da Câmara acabou ungido o então articulador político de Juraci, Tin Gomes, eleito naquele ano. Tin conseguiu formar uma grande base de vereadores, que o credenciou para presidir o Legislativo. Durante todo o mandato da petista o presidente da Câmara se cacifou para postular o posto de vice em sua chapa, o que acabou por ocorrer. A previsão de ampliar a bancada foi frustrada. O chamado “blocão” conseguiu apenas sete cadeiras, uma a menos do que a coligação PT/PMDB. Por conta disso e por já ter aberto espaço para Tin como vice, a prefeita tem declarado que o próximo presidente da Câmara sairá de um dos dois partidos.

Na verdade a prefeita deseja ver no posto um colega de partido. Pelo PMDB, Paulo Gomes está descartado – por ser inexperiente e por ser sobrinho de Tin Gomes –, bem como Marcus Teixeira e Magaly Marques – ambos por não possuírem o perfil que a prefeita procura –. Carlos Mesquita, que tem sido objeto de babação de ovo de parte da imprensa também está descartado. O peemedebista passou a maior parte de seu mandato na oposição, tendo inclusive utilizado imagem do ex-prefeito Juraci em sua propaganda.

A imprensa não vai abordar, mas será travada – já está sendo – uma disputa pesada entre Luizianne e Tin para a eleição da mesa. A prefeita quer – mas sabe que será difícil – ver na presidência um vereador ligado diretamente a ela, no caso Acrísio Sena ou Ronivaldo Maia. Ambos também não possuem o perfil capaz de agregar votos do resto dos parlamentares. Mesmo com algumas ressalvas – o início do relacionamento político não foi muito pacífico – Guilherme Sampaio conseguiu aparar arestas com Luizianne e se transformou em seu líder. Poderá chegar na disputa como ungido.

Por outro lado Tin Gomes aposta ficha em três flancos. O primeiro, seu candidato preferido, Walter Cavalcante, mas sabe que, sendo um vereador com estreita ligação com ele, dificilmente conseguirá emplacá-lo. Como “plano B”, também tenta Elpídio Nogueira, mas a ligação dele com o grupo dos Ferreira Gomes – seu material de campanha, inclusive, trazia a foto dele junto com o deputado federal Ciro Gomes – é fator de resistência por parte da prefeita. Como “plano C”, o vice-prefeito eleito e presidente da Câmara tem apoiar o petista Salmito. O vereador reeleito não tem a simpatia da prefeita e é um nome oriundo do mesmo partido que ela.

Luizianne era vereadora quando assistiu à derrota do então prefeito Juraci Magalhães, que lançou e apoiou a candidatura de José Maria Couto, na eleição do primeiro dia de 1997, para a presidência. Naquela época, na queda de braço do prefeito com os deputados estaduais José Sarto e Carlomano Marques, Juraci cometeu erros que Luizianne, por seu perfil intempestivo, teimoso, arrogante, poderá repetir. O então prefeito, sem consultar os demais integrantes de sua base e sem avaliar a capacidade de agregação de Couto, o lançou. Foi o fator determinante para que Sarto e Carlomano conseguissem costurar um acordo que acabou por viabilizar a candidatura e a eleição do vereador Acilon Gonçalves, que por quatro anos lhe fez oposição e impôs derrotas no Legislativo.

Luizianne era um dos 41 vereadores daquela legislatura. Caso tenha entendido os motivos da derrota de Juraci, terá como não repeti-los nessa eleição. Em um lado está Tin Gomes tentando fazer seu sucessor, do outro Luizianne tentando eleger alguém de sua preferência. No meio o presidente estadual do PSB, Sérgio Novais, com a irmã, Eliane Novais – vereadora eleita – tentando fazê-la presidente, apelando para o fato da ala histórica do PSB ter aberto mão de indicar o candidato a vice-prefeito em troca da presidência da Câmara. A imprensa local opta por reproduzir discursos, maturar balões de ensaio do que efetivamente mergulhar no que de fato está movimentando a sucessão para a mesa diretora da Câmara.

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